Take me Somewhere nice

Blog de um jornalista viciado em música e com paixões variáveis. Pinceladas de cinema, futebol e São Paulo podem aparecer sem aviso.

quarta-feira, agosto 30, 2006

Na hora HH é broxante


Eu desconfio de pessoas que passaram dos 20 e poucos anos e ainda lêem com freqüência Caros Amigos, acham importante as declarações de Ariano Suassuna, defendem com unhas e dentes as idéias do Lobão e irão votar na Heloísa Helena. Da mesma forma, desconfio de pessoas que nunca foram minimamente vermelhas, ou que votaram PFL desde criancinhas. Estas irão, obviamente, direto para o inferno depois de matar um gay ou coisa do tipo. As primeiras não irão para o inferno porque não acreditam em bobageiras da Igreja manipuladora bla bla bla. Mas deveriam.

Sim, não só guspo, mas gumito no prato que comi. Mas esse é só o preâmbulo para a declaração da Enéas de saias (nem de saias, porque ela só usa calça), a HH do Pêçóu. Acompanhe:

A candidata à Presidência da República pelo PSOL, senadora Heloísa Helena (AL), definiu-se ontem como "fofinha, cheirosinha e limpinha", disse que é uma mistura de "ternura e fúria" e que, em sua casa, o estilo irado não entra, pois lá "é tudo paz e amor".

Se eu estivesse nessa sabatina eu iria levantar e dizer: QUALQUER COISA EU TO NO CELULAR.

Mas enfim, “Fofinha” é o penúltimo adjetivo (à frente de... humm... “eslava”) que eu associaria à Heloísa Helena. Meu colega aqui do trabalho associou a carência por “reconhecimento” da HH às básicas necessidades freudianas: Ela precisa é de uma JEBA (ele usou outro nome, mas JEBA é sempre melhor, em caps).

Eu não gosto da Heloísa Helena desde que ela votou contra a cassação de Luiz Estevão e posava de revolucionária. Mas talvez eu mude de idéia agora que eu sei que ela é cheirosinha e limpinha.

segunda-feira, agosto 28, 2006

BML x QTNC

Acho que foi a Malu que começou com a onda que virou a expressão número 1 no microcosmos brasiliense-paulistano.

“Beijo, me liga”, e seu correspondente na linguagem de sinais (Linguagem de Sinais das moças do finado Fantasia, that is).

Beijo me liga foi uma expressão criada inicialmente para encerrar qualquer conversa, de maneira aparentemente amigável, mas superácida. Acompanhe exemplos:

- Putz... Deu um desejo de doce agora... Bora comprar maria-mole na DIZIOLIN?
- Beijo, me liga.

- Hummm... Hoje já é quarta, daqui a pouco é sexta e no outro dia já tamos no fim de semana. O tempo passa depressa, né?
- É. Beijo, me liga.

Depois de não conseguir, inexplicavelmente, conseguir fazer as pessoas usarem bamboocha on a regular basis, e já contrário à disseminação do BML, resolvi criar outro. “Qualquer coisa to no celular”. Que tem uma MIRÍADE (esse eu vou emplacar) de usos:

- Quanto custa?
- R$ 40!
- 40? Ok. Qualquer coisa eu to no celular.

- Vamos ao show do Batom na Cueca?
- Vai lá. Qualquer coisa eu to no celular.

Importante notar que nos dois casos o efeito é mais interessante se a frase (qualquer uma) for aplicada com pessoas que não têm seu telefone. Try it.

sexta-feira, agosto 25, 2006

Corporação da roubalheira e DJ Sombra? I’m in

Saiu ontem a escalação oficial do TIM Festival deste ano. Apesar de todo o esforço do Lúcio Ribeiro, nem Arctic Monkeys nem Radiohead virão. De qualquer forma, a escalação promete. Por alguns motivos:

- O último disco do Yeah Yeah Yeahs! tem umas baladas nervosas de altíssimo nível,
- Thievery Corporation é o mais próximo que você pode chegar de Zero 7, com algumas boas pitadas brasileiras e orientais jogadas na mistura. Hopefully eles terão a Bebel Gilberto nos vocais, o que deve ficar bom;
- TV On the Radio já valeria se eles tocassem quaisquer duas músicas do EP Young Liars – e eles são muito mais que isso;
- O Tim está quase 10 anos atrasado ao trazer o Beastie Boys. Mas quando o baixo de de Sabotage começar, ninguém vai se lembrar desse detalhe.
- DJ Shadow não é ice-cold apenas, ele é Jamie Foxx-chupando-halls-vestindo-Osklen-no-Pólo-norte-com-a-Kate Moss kind of cool. O pai do hip-hop instrumental semi orgânico e sofisticadérrimo. Pós-rock para a massa funkeira. Não quer dizer nada? Ouça o último disco dele, ou o primeiro: Endtroducing.Aliás, que título foda, não?

Menções honrosas: o divertido Bonde do Role, um 2ManyDjs mindingo de Curitiba, que tem as já clássicas (pra mim) melo do Vitiligo e Jabuticaba; Daft Punk porque algo me diz que várias pessoas irão fantasiadas do clipe Around the World e farão as dancinhas; e Devendra Banhart, que ao vivo é aparentemente bem mais legal que no disco. A voz dele é ótima, por sinal. Mas ele é um texano hippie criado e0m Caracas, na Venezuela. O que é estranho. É isso.

quarta-feira, agosto 23, 2006

Scarface meets Giuseppe


Acho que eu descobri a fonte do Kibeloco para notícias que vão mudar sua vida

Do AGORA, reproduzido pela Folha Online, hoje de manhã:

Em sintonia
Bárbara Paz e Giuseppe Oristânio, de "Cristal", estão se conhecendo melhor.

É isso. A nota é só isso. Eu acho sensacional a MIRÍADE de interpretações que você pode ter a partir dessa informação, além, é claro, do valor-notícia. A colunista, obviamente de algum momento vanguardista do jornalismo (concorrente da vanguarda amapaense e do jornalismo-fábula) espera que os leitores preencham os detalhes com a imaginação. Isso é que é maneiro. Nénão?

segunda-feira, agosto 21, 2006

Piruinha para presidente!

Eu andei um bom tempo de carro (na verdade, com meu Escort) com documentos e carteira vencidos. Tremia ao passar pela blitz, fazia rotas alternativas. Se eu morasse na zona norte do Rio, lugar mais avançado, civilizatoriamente falando, não teria essas preocupações mundanas. Era só colocar um (o) adesivo. Matéria do Cotidiano da Folha hoje começa assim:

“O adesivo de um haras colado no vidro traseiro do carro é usado por moradores da zona norte do Rio como salvo-conduto para evitar blitze da política e assaltos a automóveis”. Vários relatos interessantes de gente que já se salvou pelo adesivo (inicialmente só dado a amigos, segundo o bicheiro PIRUINHA), como o advogado que estava sendo assaltado, e ouviu subitamente “Deixa ir embora, tá com o plástico, tá com o plástico!”

Na dúvida, vou colecionar todos os adesivos de candidatos que eu conseguir, esperar alguém ser condenado e tentar furar blitz com um deles colado no carro. Prástico de bandido por prástico de bandido, eu fico pelo menos com os mais bonitinhos.

Mas sério, quando o Rio de Janeiro aparece na Folha de S. Paulo, é sempre uma notícia ruim, sim, mas com um toque inovador. Da outra vez foi sobre um “vale-baseado”, promoção de algumas bocas do tipo compre 10 baseados (devidamente manufaturados por mestres da arte) e ganhe o 11º de graça. Com cocaína, em cada compra o cliente ganhava um tíquete. Juntando x, podia trocar por baseado.

É a guerra dos preços! Só não rola queima de estoque, no caso. Ha.

Nota séria: Com a onda do PCC os paulistanos se viram (se viram, porque já estavam) reféns da violência, como os cariocas. Mas tem coisas que só lá. Ontem, uma mulher, sentada no banco do passageiro do carro dirigido pelo marido, levou um tiro na cabeça, na Linha Amarela, perto da Cidade de Deus. Bala perdida.

sábado, agosto 19, 2006

Monkey Business

Estava na padaria hoje à noite, comendo um bauru (clichê paulista, hein?) no pão francês (Bauru em pão de forma, só em Brasília), e a TV estava sintonizada no National Geographic Channel. Um documentário sobre macacos e a vida deles em um zoológico alemão, depois de serem “resgatados” de circos ou laboratórios que “devastaram psicologicamente” (foi o termo usado) os bichos.

O interessante era aquela tosca semi-dublagem do NG, igual a do Discovery. O bloco que eu vi falava especificamente sobre a reprodução dos macacos, que algumas fêmeas usavam DIU para evitar gravidez indesejada – uma adolescente pariu durante as filmagens, BIATCH. Enfim, eles traduziam toda vez o “exciting” do inglês para “excitado”, que não são coisas exatamente iguais. Principalmente em se tratando de chimpanzés e o ciclo reprodutor.

(Narrador) Tommy é um chimpanzé que veio de um circo, e fica sozinho a maior parte do tempo.
(loira alemã lasciva, entrando na jaula e apanhando o bicho que vem correndo) - Ele fica muito excitado quando eu apareço.
(outro funcionário) - Ele gosta muito da Jessy. Haha (As risadas dos dubladores nunca tem mais que um “haha”).

Ruído na comunicação, e o cara da lanchonete: será que os bicho são taradões assim?

sexta-feira, agosto 18, 2006

Humor de tradição bamboocha

Lembro de um clássico esquete do TV Pirata que o mindingo chegava pra madame:
- A senhora pode me dar um dinheiro, pelo amor de Deus?
- Pra quê?
- Pra comprar cachaça
- Mentira tua! Você vai pegar esse dinheiro e comprar pão, que eu sei
- Não senhora, é pra cachaça, minha senhora
- Você com esse bafo de leite não engana ninguém

E segue essa discussão absolutamente nonsense, que escrita não é tão engraçada quanto na tela. Na mesma linha humorística, essa semana saiu coisa parecida na Folhateen, que sempre abre espaço pra uns quadrinhos diferentões. Cena pós-coito:

- Onde você vai, Otavinho?
- (levantando da cama, ainda de cueca) Vou te trair
- Mas vai agora? São 2 horas da manhã... Deixa pra fazer isso quando amanhecer
- (já se arrumando) Você sabe que não existe hora pra isso
- (falando sozinha) O Otávio está me escondendo alguma coisa e eu vou descobrir o que é...

Se eu fosse realmente um entendedor, chutaria que isso tem raiz no teatro do absurdo, que eu só conheço de ter visto uma peça com texto do Ionescu. Mas isso é muito bom, quase tão engraçado quanto os jogos de sombras dos filmes do Austin Powers! Por que não tem mais coisas desse tipo na TV? Por que o Zorra Total sempre erra ao tentar fazer isso (tipo usar um negão forte pra interpretar um gay)? Por que o leão representa o imposto e o dragão a inflação (imagina um CISNEY da inflação e um KOALA do imposto)?

O absurdo é bamboocha.

Ou como ir à cachú sem sair de Londres.

Reggae não é um negócio que me incomoda, (exceções a Armandinhos e asseclas) mas definitivamente não é a minha. Bob Marley é gênio, ouvi um bocado daquele Legend, coletânea clássica de capa azul do homem. Mas hoje deixei o negócio de lado por achar que a música não evoluiu. Lá no Maranhão se toca a mesma coisa, com os mesmos acordes, mesma levada, do mesmo jeito que se fazia há 30 anos. Parece aquela piada contada pela 85ª vez que você só ri se estiver muito bêbado – ou com tchoise na cabeça. It stinks. Reggae e forró são músicas recreativas, ok? Works in the right time, with the right people, mas não é pra ser superapreciada em casa.

Mããããs,


Vai sair nas lojas (e provavelmente em torrent) mês que vem o segundo CD coletânea do Easy Stars All-stars: Radiodread, com covers reggaeísticas de todas as faixas do fantástico Ok Computer. E é bem bom, really. É elaboradíssimo, como o original, e talvez por guardar tantas semelhanças que funcione tão bem. As melhores músicas são Let Down, Paranoid Android, Airbag e Karma Police. No geral os vocalistas são bons e as melodias variam mais que o clássico iô iô iô iô iô iô. É meio difícil de encontrar ainda, mas vale alguns downloads. De qualquer forma, é no mínimo curioso ouvir reggae-semi-deprê. Coloco aqui depois algum link. A foto-montagem tosca mas maneira, que eu catei em algum lugar da Web, é uma menção à clássica capa do Peter Tosh.

terça-feira, agosto 15, 2006

Wired: Second Life / Tired: Myspace / Expired: Orkut

A fabulosa Wired, minha revista favorita, tem sempre um quadrinho sobre o que é a última tendência, o que apenas está na moda e o que estará out em breve. A melhor que eu vi, na época do Senhor dos Anéis era: Wired: Sauron / Tired: Saddam / Expired: Satan. A do título é hipotética, aliás.

Mas enfim, o que é Second Life? Na real, não sei direito, mas estou curioso. É mais uma comunidade virtual, um cruzamento entre The Sims, MSN e o Orkut. Bonequinhos se encontram, como em qualquer RPG online, mas em vez de matarem monstros eles conversam. Veja o exemplo de uma festa de aniversário, animada por um DJ:


SOUNDS EXCITING, HUH?

O que eu achei interessante na notícia que li hoje na WiredNews é que artistas estão começando a usar o Second Life para atrair os (e conquistar novos) fãs. A Suzanne Vega (Do My name is Luca, clássico dos anos 80) deu o que foi aparentemente o primeiro show online efetivamente virtual ao vivo. Já que no Second Life a conversa é por áudio mesmo – seria meio patético a música em MIDI com a letra digitada. Suzanne foi lá e cantou, enquanto outra pessoa controlava o avatar (ou bonequinho) dela. O público delirou. Fantástico, não?

O Duran Duran e um outro rapper disseram que vão usar o novo canal, que seria revolucionário como foi o videoclipe, décadas atrás. Menos. O interessante é que o mundo virtual é imenso, e os shows (que atraem em média 45 pessoas) podem acontecer literalmente até no céu. O lugar mais famoso é a Muse Isle, que tem de 6 a 12 shows por semana, de gente nova que começa a ganhar fãs a partir das apresentações online até ex-estrelas pop dos anos 80 que efetivamente estão curtindo uma segunda vida (sacou? Sacou?).

Do you think that the end of the world is comming?

domingo, agosto 13, 2006

Plágio é Coisa de Criminoso

O vilão seqüestra dois jornalistas, solta um e diz que só liberta o outro se a grande TV mostrar uma mensagem do gênio do crime, dizendo pro governo cumprir algumas exigências. É o maior clichê de qualquer filme com bandidos e mocinhos - com exceção de V de Vingança, onde o bandido era o mocinho. A situação surreal aconteceu aqui em São Paulo, às 0h26 de domingo, na Globo. A poderosa vênus platinada (porque eu sou de esquerda) decidiu atender às exigências do PCC e colocou no ar o DVD da organização, de 3'36'' (íntegra do texto aqui) que pedia tratamento mais humano para a população carcerária. Nenhuma regalia. Só a eliminação do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), basicamente um castigo pros mais maus, que não podem se socializar, algo como a velha e extina solitária. Muitos juristas acham isso inconstitucional, como Maurício Kuehne, professor da Faculdade de Direito de Curitiba. Kuehne escreveu essa frase pomposa, contra a lei original que criava o RDD, em 2001:

"O Regime Disciplinar Diferenciado agride o primado da ressocialização do sentenciado vigente na consciência mundial desde o ilusionismo e pedra angular do sistema penitenciário, a LEP. Já em seu primeiro artigo, traça como objetivo do cumprimento da pena a reintegração social do condenado, a qual é indissociável da efetivação da sanção penal."

Acompanhe, caro leitor, que a mesma frase está no comunicado lido pelo PCC, que deu um básico ctrl+c / ctrl+v no negócio. Picaretagem faquiana clássica.

Em todos os lugares que trabalhei, sempre tive um olhar - mais a chatice necessária - pra apurar picaretagens, ou preguicinha jornalística. Às vezes você lê o texto de alguém e chega uma frase que claramente não foi escrita pela pessoa. Coloque a mesma no Google, entre aspas, e bingo. Às vezes o mesmo parágrafo já foi copiado por 5 jornalistas pra matérias diferentes para os mesmos temas. Mas enfim, dito isso, tenho o primeiro FURO do blog, eu acho. Que emoção.

Não basta ser de direita, tem que participar

Deu na Folha hoje: 39% dos eleitores de Heloísa Helena consideram-se de direita - 32% dizem ser de esquerda. Interessante. Sem tentar entrar no mérito do público entrevistado (destro e de direita são coisas distintas, mas nem todo mundo sabe), o resultado da pesquisa é bem curioso. Será que o cara que diz ser de direita é defensor ferrenho da desapropriação de terras, reestatização, tratamento mais humano aos presos, como a HH? A pesquisa não chegou a essas questões especificamente. Mas, por exemplo, 87% dos entrevistados "de esquerda" se disseram a favor da redução da maioridade penal (de 18 para 16 anos), contra 85% dos "de direita". Uma inversão do comum.

Nos EUA, liberal vota no partido Democrata, Conservador no Bush. Aliás, ser conservador não é palavrão lá. Os cientistas políticos entrevistados na matéria dizem que a posição conservadora geral dos americanos, emanada pela mídia alinhada ao imperialismo (sério, ainda dizem isso) influi nos brasileiros.

O Contardo Calligaris, ótimo colunista da Folha, achou estranho porque, afinal "ser de esquerda geralmente traz uma posição mais gloriosa de si mesmo". Ser do contra é mais interessante. Eu não tenho mais uma estrelinha do PT, há muito deixei de ler a Caros Amigos e até me divirto com o Diogo Mainardi. Mas o meu perfil no Orkut diz que eu sou "left/liberal".

Na real, eu sou BAMBOOCHA.

sexta-feira, agosto 11, 2006

WWW = W3


Nos muros pichados da W3 estavam (acredito que estão) os escritos mais maneiros de Brasília. Tinha um clássico: Pra que o medo se o futuro é a morte? Outro: Quércia vem aí!!! E o que eu repito até hoje pro Albert: Comuna bom é comuna morto. De extrema esquerda à direita, eram vários divertidos. Acho que o cheiro de mijo da outrora glamurosa avenida faz as pessoas terem vontade de escrever frases de banheiro na parede.

A foto aí (repare no felomenal carimbo do Seu Madruga - Boicote o aluguel, no centro) é do caríssimo bróder faquiano David Alves Ameriquinha de Souza, que depois de se formar com um ensaio fotojornalístico sobre a W3 (confira tudo na galeria virtual) está de malas prontas pra Cuba, curtir o Malecón pós-Fidel. Saludos.

Para elevar o clima de galeria virtual, a música sofisticadérrima do Randy Watson Experience, Still my beating heart, o hit desta sexta-feira.

Os Formais - Lost Pilot


Hoje é Dia do ADEVOGADO. Percebi quando estava num restaurante, hoje, e alguns estudantes de direito deram o famoso calote - fizeram até uma ceninha divertida... Safados. Mas enfim, isso me lembra que há um tempão tenho vontade de fazer uma Sitcom adulta, recheada de sexo (ou a sugestão de). Ela se chamaria Os Formais e seria protagonizada apenas por advogados e outras estrelas do meio jurídico. Na verdade a série que dá origem à piada até saiu do ar, mas que diabos, REBELDE faz sucesso – há espaço para tudo na TV. Por que não Os Formais? Pela regra da Cat-Whiskas (post abaixo), poderia até ter patrocínio da OAB.

A primeira cena já ia CAUSAR, como dizem por aqui. O taradão do grupo, José Aurélio Souza Peçanha (todos os personagens terão nomes compostos e sobrenome de funcionário público) manda um despacho batido pela taquígrafa voyeur Adriana Cristina Marcondes Pereira (torpedo de celular é muito informal) pra gostosona da série, a também advogada Maria Alice Carvalho Paredes. No meio do depoimento de um acusado, cena tensa, Maria Alice Carvalho Paredes lê:

- Venho por meio deste manifestar que a ilustríssima senhora apresenta-se de maneira irrepreensível neste traje.

Maria Alice Carvalho Paredes (é essencial para o ritmo da série que o nome completo seja falado sempre) entende a indireta e contra-ataca, firme, com outro ofício, abusando de seu conhecimento adquirido com o amigo legista forense gay, Jônatas Francisco Salvador Peixoto :

- Há muito tenho notado que vossa senhoria vislumbra a possibilidade de um intercurso sexual entre nós, o que é aferido pela elevada concentração de sangue em seus corpos cavernosos, aparente à distância. Recomendo cautela.

E por aí vai. Pra quem fica mais excitado com preliminares do que com a coisa propriamente dita, seria sensacional. Acho que cada cena demoraria um bloco. A série, se não fosse engraçada ou excitante, pelo menos poderia ter um efeito social interessante: ADEVOGADOS se tocariam que falam de maneira desnecessariamente complicada. Ou não?

Como em toda minissérie de blog e na TV, essa série pode ser cancelada no primeiro post, dependendo da audiência.

quinta-feira, agosto 10, 2006

Malditos Publicitários II - Thundercats


O musical Cats, na Broadway há mais tempo que o Silvio Santos na TV, estreou esta semana aqui em São Paulo. Legendado. Bizarro, não? Mas o mais curioso, eu achei, é o patrocinador da peça: WHISKAS, a marca de ração para bichanos. Pode ser que eu não entenda de marketing, mas pra mim isso é engraçado, e só. Quem vai assistir a peça de gente com fantasia vagabunda de Thundercats (a do centro é a Chitara, perceba) e comprar Whiskas em vez de Gatsy depois?

Se a moda pega, qual seria o patrocinador de Monólogos da Vagina, do Miguel Falabella?

Melhor não.

Guerra justa, só no videogame


De acordo com diversos blogs, essa libanesa revoltada que aparece numa foto da Reuters com a legenda "mulher fica desesperada ao ver o apartamento que morava destruído pela Força Aérea Israelense", ou algo do tipo, protagoniza um tipo de fraude. Um blog cético muito bom que o Lebe me passou desmascara essa e algumas outras 'montagens brancas' feitas pela Reuters e outras agências de fotografia sobre a guerra no Líbano. Essa mulher da foto, por exemplo, aparece chorando pela "outra" casa que morava, dois dias depois. O prédio atrás dela, aliás, já estava destruído há 4 dias, e saiu em outra foto da mesma Reuters, com outra pessoa revoltada. Outro blog mostra que corpos e bichinhos de pelúcia são colocados estrategicamente para dar um efeito mais dramático à foto, atores são usados para fazer as coisas parecerem mais reais.

Simulacro, Jameson, Baudrillard. Aula sobre pós-modernidade é exatamente isso aqui. Queremos algo mais real do que o real para nos chocarmos.

Obviamente ninguém é idiota o suficiente para acreditar que Israel não matou dezenas de civis, assim como sabemos que o Hezbollah usa os mesmos civis como escudo de alvos preferenciais. Guerra é idiota, todos estão errados. Ponto. Ninguém são é capaz de dizer que Israel está fazendo "o certo". Mas defender o Hezbollah é estupidez, coisa de quem falou "bem feito" quando as Torres Gêmeas sucumbiram. Atrocidades não se justificam.

De volta à programação normal, em instantes.

quarta-feira, agosto 09, 2006

Malditos Publicitários I – Freud explica

A coluna do Marcelo Coelho de hoje, na Folha, faz uma divertida análise das campanhas publicitárias do Dia dos Pais nos shoppings paulistas. O chiquerrérrimo Iguatemi tem uma sensacional. Foto de um pai bonito, jovem, sentado na cadeira de barbear, filho de casaquinho preto e golas brancas, cabelo impecavelmente partido, a tal “Elite branca” do Lembo, e os dizeres: “Você vai herdar tudo dele. Está aqui mais um motivo para caprichar no presente”.

Alguém nota o quão absurda é uma campanha assim? O Marcelo Coelho notou e, com classe, arremata: “O apelo ao auto-interesse, ao desejo freudiano de assassinar o pai, surge aqui sem problemas, com um obsceno toque de classe: no mundo do Iguatemi, heranças devem ser levadas em consideração. As elites que se cuidem: há mais famílias von Richtofen do que se pode pensar à primeira vista”.

Whoa, Nelly!

Hoje, de novo, cheguei atrasado para o trabalho. Culpa de Nelly Furtado. Acordei, fiz uma vitamina dessas e fui pro computador, ver o que tinha acabado de baixar. Coloquei o disco da Nelly Furtado, Loose. Direto para a faixa 4, Glow. E repeti, repeti, repeti. Peguei a letra, vi clipes dela no Youtube, viciei. Quando vi já era tarde. Tenho esse problema.

Glow é candidatíssima a ficar em 2º lugar no ranking de melhores músicas pop do ano (Crazy, do Gnarls Barkley, não perde). O que faz ela boa é meio inexplicável. Talvez seja o sintetizador aparentemente desregulado do Timbaland (não confundir, pelamordedeus, com a big band do Little Carl Marrom), as paradinhas, a voz sexy, ou simplesmente o fato de a luso-canadense Nelly ter passado de moça ingênua com olhos verdes hipnotizantes para uma adorável VAGABA. Veja a letra:

People say I've gone crazy
That I'm not the same lady
People say my eyes are hazy
People say I'm acting shady
But I'd rather be your baby
Than sit around and do the same things
I am getting something out of it


O disco é mezzo Hollaback Girl, mezzo Destiny’s Child, com pitadas de Shakira. Sério, apesar da moça ser lusófona, tem uma música em espanhol no disco, que ela canta com certo sotaque (apesar de ela dizer que fala 4 línguas). Acho que os caras da gravadora falaram: Furtado... latina... calças baixas... Sr. Assistente, tem alguém que canta em espanhol? Não senhor, tinha a Shakira, mas ela não sabe mais falar a língua. Ok... Muito bem dona Furtado, Cante em espanhol! Ela obedeceu, e as faixas latinas são boas até. A produção é impecável, e é o que conta no mundo pop hoje em dia – veja Toxic, da Britney, música excelente.

O primeiro single e clipe, Promiscuous, é bem bom, e ilustra a nova fase da moça. Ouça antes, atire pedras depois, seu indiezinho chato. Até o descoladérrimo papa Nick Hornby, escritor de Alta Fidelidade e Um Grande Garoto, colocou Fly Like a Bird, da Nelly Furtado, entre suas 31 canções favoritas, no ótimo livro 31 Songs.

A equação:
Nelly Furtado = Sia Furler + (Beyoncé – blackiness) x sintetizadores do Tiga
Ouça: Glow, Promiscuous, Fly like a Bird

terça-feira, agosto 08, 2006

Sou mais o Kliptonita!

* As gêmeas do disk são super naturais!
* A Penélope me deu conselhos sexuais valiosos!
* Acho legal os acústicos, que mostram bandas super 10 que estavam esquecidas!
* O Gordo é muito show! Aquele programa dele é mór nojeira! Muito engraçado!
* Me divirto com o Rafael, ele tem um jeito super esquisitão, parece que ele não sabe respirar direito! Hilário!
* Eu gosto da MTV porque eu sou EMO, e eu choro quando eles tocam as bandas que eu gosto!

Você já ouviu alguém fazer algum comentário assim? Não acredito que essas pessoas existem, na boa. Quem assiste MTV hoje atualmente? Eu era viciado. Lembro do dia que vi o clipe de Bullet with Butterfly Wings, do Smashing Pumpkins, pela primeira vez, ou quando numa madrugada dessas assisti ao Diamond Sea, do Sonic Youth, no saudoso Lado B, comentado pelo ainda mais saudoso Fábio Massari que, veja só, entendia um bocado de música. Descobri uma porrada de coisas boas por ali. Mais talvez até na MTV Latino, mas é outro papo.

Digo tudo isso porque hoje a MTV (americana) faz 25 anos. E ela não sabe o que comemorar. Praticamente parou de passar clipes (é mais fácil achar as coisas no Youtube, Soulseek, Pitchfork, etc etc), descobrir bandas, lançar tendências. Alguém tem alguma idéia do que fazer com ela? Como disse André Vaisman, executivo da emissora no áureo período 93-98:

“Hoje, a MTV é quase um SBT Jovem fingindo que é classe AB”

Na real, bom mesmo era o KLIPTONITA. E tenho dito.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Morreram 2 bandidos, eu sei, mas quantas pessoas?

Homens de preto / qual é a sua missão? / entrar pela favela / E deixar corpos no chão! / Homens de preto / O que é que você faz? / Faço coisas que assusta o satanás!

Essa aí é a letra do pancadão que anima as baladas (sacou? sacou?) dos policiais do Bope, no Rio, quando sobem o morro no blindado (apelidado, singelamente, de CAVEIRÃO) que APAVORIZA a favela. Eles tocam a música nos alto-falantes, no talo, pra assustar a bandidagem, segundo matéria da Folha de sábado. Bonito, não?

Aliás, isso aqui saiu na Folha de hoje:

"No final da manhã desta segunda, a Secretaria de Estado da Segurança Pública confirmou a realização de 27 ataques, em todo o Estado. Pelo menos cinco cidades do interior foram atingidas pela onda de violência. Dois suspeitos foram mortos e outros dois, presos. Pelo menos duas pessoas ficaram feridas."

Temos duas interpretações:
1) as duas pessoas que ficaram feridas são justamente as que morreram (pouco provável)
2) Para a Folha online, suspeitos não são pessoas.

A iguinoransa é o que axtravanca o pogresso

É verdade que cada um “defende o seu”, mas o Diário do Comércio, da Associação Comercial de São Paulo (do Afif Doming, 2 patinhos na lagoa) foi longe demais hoje. E não estou falando da LEMBANÇA da capa. A notícia é “Na volta às aulas, vendas caem 60% nas papelarias”. O entrevistado diz: “A queda também é CULPA de um programa do governo que distribui material gratuitamente para alunos de escola estadual (...) Desde o primeiro semestre, quando esse programa foi lançado, os donos de papelarias estão com os estoques abarrotados.”

O que aprendemos hoje, crianças? Não importa o que você faça, sempre haverá alguém que achará errado.

A insustentável Lembeza do ser


A capa do Diário do Comércio que circula hoje aqui em São Paulo - com fotos triunfantes do nosso governador - traz a manchete: “EXCLUSIVO: O prof. Lembo deu uma lição ao PCC”. Na chamada, é dito ainda que “o PCC não acabou, mas está neutralizado”. Depois dos novos atentados, nesta madrugada... Uma certa falta de timing, não?

Acredito até que o Primeiro Comando da Capital gosta de fazer essas pegadinhas com os jornalistas. Lembro que, na primeira onda de ataques, em maio, a Carta capital que estava nas bancas (fechou a edição na sexta, os atentados começaram no sábado) tinha uma capa preta, com letras gigantes: “Cadê o Crime?”. Era sobre a CPI e a falta de provas, coisa nada a ver, mas foi, como a manchete do Diário do Comércio, inoportuna, para dizer o mínimo. Coisa curiosa de se ver nas bancas durante aqueles dias.

E o Cláudio Lembo é uma figura interessante. É curioso como ele está alheio ao jogo da política, xinga gente do próprio partido, quer deixar logo o poder, critica a “elite branca”... Acho que ele não tem muita noção da importância do cargo. E nóis sofre.

sábado, agosto 05, 2006

Das vacas e outros demônios


Nessa minha última viagem, passamos por várias fazendas de criação de gado. Cena clássica de viagens de carro pelo interior: ao lado da pista, aqueles morros cheios de manchas brancas estáticas, contraste com a grama verde.

Manchas brancas estáticas, that's the key. Você já viu uma vaca se mexer, além das vezes em que alguém mexe com ela? Eu nunca vi. Nos pastos, elas ficam lá, paradíssimas, comendo. Se acaba a grama que elas tão comendo, dificilmente se movimentam para conseguir mais. Esperam até o dia seguinte, onde vão para outra área de pastagem, comer de novo. E não param de mastigar. O manual do Escoteiro Mirim me disse uma vez que ela come, a comida vai pro estômago e volta. Écoti.

Onde eu quero chegar com isso? É que, por ser filho de uma vegetariana, sempre tive uma culpa inconsciente por comer carne. Mas, depois de ontem (refletimos sobre esses assuntos na estrada, quando não há nada melhor pra fazer), comecei a ter menos pena das vacas. Cheguei à conclusão que elas não fazem muito durante a vida. Um dia na vida de um peixe, que a gente come com muito menos culpa, tem muito mais emoção que a de uma vaca, ainda que digam que estas são mais inteligentes.

Elas acham que são. Quando ela te olha (raro) sem muita expressão, só mastigando, tem um olhar de pura arrogância (algo como "Ah, se eu tivesse na Índia...") ou simples indiferença, baseada na baixa expectativa de futuro. Não sei. Fato é que elas não são muito ativas. Aos bois sobra toda a fama (o preço é maior nos leilões, são estrelas de rodeios, etc). Às vacas, falta PROATIVIDADE, coisa em voga no mercado ultimamente. Por isso elas morrem.

Minha opinião.

sexta-feira, agosto 04, 2006

Mr. Bagos

Viajei ontem à noite para Marília (444 km de São Paulo). Chegando à cidade, pedimos informações de como chegar ao Hotel Tennessee. Invariavelmente as pessoas diziam pra gente pegar "as direitas depois as esquerdas", ainda que fosse uma curva à esquerda ou à direita. Vai entender. A minha reserva no hotel estava como Pedro BAGOS. Não sei por que diabos as pessoas não entendem meu sobrenome. Coisa curiosa.

Mas eu sempre me divirto nas cidades do interior. Na manhã seguinte, bem cedo, fomos a Assis, uns 70 km pra baixo de Marília, já chegando no Paraná. No caminho, a única rádio que pegava passava um programa matinal chamado "BOI SHOW". Dessas que os apresentadores falam o nome de 30 anunciantes com suas respectivas promoções, em ritmo de rodeio.
- Maroooota - gostosa até a última gota.
- Castelo dos doces. Pacote de Bocaditos a Dois reais e dezenove!
- Tá barato, hein?

E os ouvintes ligando:
- Alô
- Quem? (o cara era ultra sucinto)
- Quero ver se você adivinha!
(aparentemente era um mala que ligava todo dia)

Outro:
- Que música a senhora quer?
- Aquela que o Leonardo canta com o Zeca Pagodinho, qual é o nome?
- Eu sei qual é, mas não lembro o nome também. Mas nós vamos tocar.
- Hein?

A ouvinte era meio surda, coisa engraçada. Não peguei o diálogo inteiro, acabou o sinal.

Ficamos umas 8 horas em Assis, para entrevistar a Dona Lia, senhora finalista do prêmio Mulheres Empreendedoras do Sebrae. Estou ajudando a escrever um livro sobre os tais "cases" de sucesso. A dona de 79 anos, que preside uma associação de plantadores de cana láááááá era um exemplo. Foi a maior entrevista que fiz na vida. Comecei a falar com ela às 9h30, acabei 17h30. Passamos por fazendas, cidades, usina, almoçamos feijoada, comemos o tal "sorvete Paladar" (o mais próximo que existe da gostosua do Haagen-Dazs. Sério). No final, ela se despediu com um longo abraço, quase chorando, dizendo que iria me adotar. Foi uma coisa sensacional. Histórias fantásticas, qualquer dia conto por aqui.

quinta-feira, agosto 03, 2006

São Paulo Confessions II

Eu adoro São Paulo, as you may know. Mas, como jornalistas se reúnem para falar mal dos jornais que trabalham, nós neopaulistanos (aka brasilienses deslocados) sempre acabamos falando de algum aspecto negativo da vida em Sampa.


Uma das últimas coisas em pauta foi algo que sinto enorme falta da vida brasiliense. A derivada de diálogos telefônicos do tipo:
- E aí, fulaninho, beleza? Fazendo?
- Nada agora.
- Ta a fim de fazer qualquer coisa? Ir ao cinema, jogar, sei lá?
- Pô, vamos. Passa aí que a gente decide.


Uma hora depois você ta na casa da pessoa, e acaba fazendo alguma coisa. Na pior das hipóteses, acaba arranjando outra pessoa pra passar na casa de x, pra não fazer nada com y + z.


Isso não acontece por aqui. Isso se deve, segundo a tese mais aceita, à 1) dificuldade de se locomover (com carro, perto, é fácil “dar uma passada” em qualquer lugar que seja. A maior parte das pessoas que conheço não tem carro aqui) 2) ter mais o que fazer.


Sobre ter mais o que fazer, leia-se coisas chatas, na maior parte do tempo. De qualquer forma, aqui parece haver a necessidade de se combinar as coisas com uma antecedência absurda. Minhas jogatinas aqui são organizadas – e confirmadas – com quase 2 semanas antes. O figurinha gente boa mais propenso a fazer coisa de última hora é carioca, veja só.

E o pior é que eu já estou incorporando o hábito. Tenho um passeio pra fazer neste sábado, que está sendo combinado há coisa de três semanas. E foi desmarcado antes porque a previsão do tempo não era favorável. Sim, nós prestamos atenção na metereologia. Outra coisa bizarra, não? Detalhes depois.

Ouvindo: Zero 7 - Throw it all away

São Paulo Confessions I

Quando eu chego em casa aqui em Sampa, o porteiro fala "bom descanso", em vez de "boa noite". E todo mundo acha essa aberração normal. Outras pessoas confirmam isso. Acho uma coisa meio bizarra, os porteiros não pensam na hipótese de que você pode ir pro apartamento, se arrumar e sair depois. Para os radicais que gostam de falar que São Paulo é só trabalho - é só 90%, vai -, dá pra dizer que há dois momentos da vida paulistana: o "bom trabalho", pela manhã, e "bom descanso", à noite. Descansar para poder ter um bom dia de trabalho no dia seguinte, that is.

O pior que eu fui discutir outro dia desses no trabalho a questão do "bom descanso", tentando averigüar toda a carga filosófica workaholic envolvida, e não me levaram a sério. É muito CO² nesse cabeção.

E, quem não conhece, São Paulo Confessions, o título do post, é o nome do sensacional disco do Suba. Vá atrás.

quarta-feira, agosto 02, 2006

Feist

Foi o João Paulo que veio até mim no MSN, coisa de dois meses atrás: "Two words: Leslie Feist ". Baixei duas músicas, amor à primeira audição. E curiosamente no mesmo dia vi uma propaganda da Lacoste com o "hit" dessa querida canadense: Mushaboom. (vá atrás do clipe também, é bem divertido, a la Björk)

Depois arrumei o disco inteiro, lançado sem muito barulho no Canadá ao fim de 2004. A primeira faixa, Gatekeeper, é voz, violão e um glock, tem falsetes e escorregadas no dedilhado ultra-sexies. Outras bacanas são Let it Die, uma cover qualquer dos anos 80, que é de uma tristeza cortante (Só pelo título... Deixa morrer!) e Now at Last, que é como as músicas de filmes românticos dos anos 70 e 80 gostariam de soar se não fossem... antigas. Acho que foi a única música que me fez chorar, só pela música mesmo, em muito tempo. É bonita assim.

Vá atrás de: Gatekeeper, Mushaboom, Now at Last
A equação: Feist = Cat Power + (Björk - gritos)

First and foremost

I'm addicted to good music.

E acho que os momentos onde eu mais fui atrás de música (e consqüentemente descobri um bocado de coisa boa) foi quando estive sozinho. Você tem de preencher seu tempo com alguma coisa, certo? E minhas opções de passatempo aqui são parcas. No momento eu estou sozinho, sem videogame, sem conhecer muita gente, sem grana pra ir ao cinema, e ainda não vi - para o bem e para o mal - o PRIMEIRO episódio de Lost. Então, vou baixando qualquer coisa que é lançada, da vocalista-promessa da nova cena norueguesa ao ultra-pop esquisito Gnarls Barkley, o que rolar estou ouvindo.

Uma das minhas diversões ultimamente tem sido gravar coletâneas pras pessoas. Fico tentando desvendar o gosto do povo. "Putz, tô numas de ouvir Pink Floyd". Seleciono uma meia dúzia de faixas do Sigur Rós, Explosions in the Sky, um Mogwai ali escondido, e tento criar monstros. A colega que ouvia um "You're beautiful" cantarola uma música da Feist agora... Priceless. Mas enfim, sem mais delongas. Vou começar copiando o que escrevi na last.fm (site recomendadíssimo, aliás), por aqui.

Prometo atualizar issso. E compartilhar os achados. Ah, e desisti de falar só de música também. Ninguém agüenta.