Pan!

Eu sou uma pessoa meio viciada em assistir a esporte, vejo de tudo. Agora tava assistindo a uma prova de velocidade no ciclismo, é bem divertida. Mas quando parece que a coisa vai ficar animada, acaba. São 11 segundos de corrida mais ou menos. São sempre apenas dois competidores, há uma regra que um tem preferência, o outro tem de usar a faixa de fora, nada muito complexo. Mas enfim, agora há pouco assistia um venezuelano contra um americano, o cara dos EUA deu um bote na largada e foi dominando a prova, e no finzinho o venezuelano passou, por dentro, o que não pode. O público carioca que estava no velódromo, que vaiou a delegação dos EUA na abertura do Pan – uma coisa que não há palavras para descrever o quão idiota foi – vibrou. Chávez derrotava Bush. Um minuto depois, o venezuelano foi desclassificado, afinal tinha ignorado a regra. O povo vaiou muito o americano. E na rodada seguinte, outro americano ganhou, contra um colombiano, mais vaias. Aí o cara bateu no peito, com orgulho, provavelmente meio puto, e mais vaias.

Que coisa IDIOTA. Pena, pena.

Sim, a seleção venceu! Hip hurra? Médio. Foi o melhor jogo do Brasil na Era Dunga, e me parece que serviu para experimentar dois, e apenas dois jogadores: o Daniel Alves, boa surpresa na carente lateral direita (que vai ter uma briga saudável com o Maicon) e o Júlio Batista, que finalmente vai entrar no time (o que é bom, há muito ele joga bem na Espanha). O Doni não vai ser goleiro, a zaga já estava definida antes, o Gilberto não vai ser lateral esquerdo nem no Vasco, Mineiro vai estar velho na Copa, Josué não é jogador de seleção e bate muito; Elano, graças a Deus, não está repetindo as primeiras atuações dele com o Dunga e está se mostrando um jogador mediano, Robinho já estava garantido, e Vágner Love e Afonso dificilmente voltarão a uma competição oficial com Pato, Adriano, Kaká e Fred em forma.

Como lembrou o Juca Kfouri, foi bom que o Dunga não mandou algo do tipo “vocês vão ter de me engolir”, e não mandou os críticos ao inferno quando recebeu a taça. Dedicou às crianças, bizarramente, e parece que ouve as críticas de alguma maneira. É bom. Não estou eufórico, mas de repente eu que estou errado em não acreditar no Dunga. O tempo dirá. Essa seleção argentina, de uma geração brilhante, merecia um título, qualquer título. Uma pena para o futebol, como foi a Hungria não vencer em 54, a Holanda em 74 ou o Brasil em 82. Mas é um time que será lembrado, sem dúvida. E a seleção sub-20 da Argentina ta vindo com tudo, veja o gol do Agüero, futuro camisa 10 dos nossos vizinhos, profissional aos 15 anos. Sensacional.