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Blog de um jornalista viciado em música e com paixões variáveis. Pinceladas de cinema, futebol e São Paulo podem aparecer sem aviso.

domingo, setembro 30, 2007

Knocked up - o novo clássico


Assisti ontem Ligeiramente grávidos (“Knocked Up”), a nova comédia do Judd Apatow. Li bem por alto as resenhas por aí (bastante favoráveis por sinal), mas dá pra cravar, fácil, que até agora é o filme do ano. E vou além, esse será um clássico no futuro. Knocked Up é para os anos 00 o que foi o Balconista dos anos 90. Quem olhou um pouco além da superfície do primeiro filme do Kevin Smith viu que pra além da comédia engraçadíssima havia o retrato de uma época – O Balconista mostrava como quem não ia à faculdade era automaticamente um perdedor e como homens e mulheres podem encarar o amor e sexo de maneira absolutamente distintas nesse período de eqüidade de gênero. Filosófico demais? Talvez, mas acho que na visão de pessoas mais comuns, menos cabeça, mais conectadas à realidade que acontecem esses retratos de época.

Em Knocked Up uma mulher inteligente, “auto-suficiente” e centrada na carreira fica grávida de um desses “slackers”, figura gente boa e tal, mas que não quer muita coisa da vida, vive pensando em montar um site mas não tem muitos objetivos a longo prazo. Há diálogos engraçadíssimos daí, mas momentos bastante sérios. E é um fenômeno dos dias de hoje: casais ruindo porque as mulheres são “sérias” e os homens querem manter a qualquer custo a “camaradagem masculina”, ou seja, ter aquele grupinho pra jogar, beber ou qualquer coisa que seja. E há vergonha desses homens em revelar esse lado “infantil”, que contrasta tanto com a seriedade das mulheres. Qualquer homem que vive/viveu um relacionamento recente sabe como é. Tem uma parte no filme, um dos caras que vive mais ou menos essa situação fala “pô, a mulher lá é tão séria, cobra tanto de você, e você é tão legal! Por que ela fica chateada?” E depois de pensar, o cara tem uma epifania. “na verdade ela gosta tanto de mim que me quer por perto o tempo inteiro. E eu a acho chata por isso”. É um problema sem solução, na verdade, mas bem interessante como o filme trata. Genial.