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Blog de um jornalista viciado em música e com paixões variáveis. Pinceladas de cinema, futebol e São Paulo podem aparecer sem aviso.

quinta-feira, setembro 13, 2007

Senado: modo de usar


São 2h da manhã, zapeando pelos canais pra deixar algum som mais calmo pra dormir, parei no “Fala que eu te escuto”, clássico programa da Record onde os fiéis falam dos problemas – alguns possuídos – e os pastores dão conselhos. Hoje, o assunto era Renan Calheiros. “Ele foi absolvido pelo voto secreto ou a idoneidade?” Achei absurdo. Será que alguém do mundo real (o Congresso, obviamente não faz parte) acredita que ele é inocente?

(Há pelo menos 8 motivos para cassá-lo. Escolha um)

Minutos antes, no programa do Jô, um deputado dizia que a decisão do Senado era, na melhor das hipóteses, arrogante. Ao Senado não interessava o desejo da população, nem mesmo as provas. Interessava apenas o destino de um dos senadores, no caso o seu líder.

(volta para o Fala que eu te escuto)

Um goiano ligou para o incomum programa, para desabafar. Disse que não acreditava na democracia mais. Não se sentia representado. Xingou Renan, o Senado, todos os senadores. Desenvolveu o raciocínio, preparou o terreno, falou que não era preconceituoso, mas soltou: “o problema é o Nordeste”. Não só Renan é de lá, mas 27 dos 81 senadores também - raciocinou. Nosso sistema de representação é surreal, onde São Paulo, Minas e Rio Grande do Sul têm o mesmo tanto de representantes no principal palco da democracia (o Senado) que Sergipe, Piauí e Rio Grande do Norte. “Não sou separatista, amo meu país”, fazia questão de frisar. “Mas o Brasil tem de ser repensado”. Reforma política? O buraco é mais embaixo.

Talvez o Congresso não tenha entendido, mas uma coisa é certa: ele cavou a própria cova. Estou cantando isso desde o início do ano, quando li em algum lugar um cientista político dizendo que até 2025, pelo andar da carruagem, a maioria da população não apoiaria a EXISTÊNCIA do Congresso. Será que vai demorar tanto tempo? Não consegui dormir. Há uma seção na Superinteressante, chamada “Superrespostas”. Pensei numa, vou sugerir amanhã: “Pra que serve o Senado?” Sério. Bem sério mesmo. Alguém sabe? As principais leis do Brasil, todas as relevantes na história recente foram preparadas pelo executivo e não exatamente discutidas pelo Congresso, da Lei de Responsabilidade Fiscal à CPMF, passando pelo Fundeb e o Plano Real. O prédio das duas conchas apenas discutiu o preço da aprovação: quais partes do orçamento deveriam ser executadas, quanto do mensalão deveria ser depositado. Não temos senadores aptos a desempenharem as funções. É melhor fechar, que está ficando constrangedor.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Não sei se chegou a ler meus comentários cruzando Renan-gate, Congresso Nacional, Lula e sua visita aos Países Nórdicos aqui.

Abracos saudosos!

7:57 AM  

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