Take me Somewhere nice

Blog de um jornalista viciado em música e com paixões variáveis. Pinceladas de cinema, futebol e São Paulo podem aparecer sem aviso.

sexta-feira, agosto 04, 2006

Mr. Bagos

Viajei ontem à noite para Marília (444 km de São Paulo). Chegando à cidade, pedimos informações de como chegar ao Hotel Tennessee. Invariavelmente as pessoas diziam pra gente pegar "as direitas depois as esquerdas", ainda que fosse uma curva à esquerda ou à direita. Vai entender. A minha reserva no hotel estava como Pedro BAGOS. Não sei por que diabos as pessoas não entendem meu sobrenome. Coisa curiosa.

Mas eu sempre me divirto nas cidades do interior. Na manhã seguinte, bem cedo, fomos a Assis, uns 70 km pra baixo de Marília, já chegando no Paraná. No caminho, a única rádio que pegava passava um programa matinal chamado "BOI SHOW". Dessas que os apresentadores falam o nome de 30 anunciantes com suas respectivas promoções, em ritmo de rodeio.
- Maroooota - gostosa até a última gota.
- Castelo dos doces. Pacote de Bocaditos a Dois reais e dezenove!
- Tá barato, hein?

E os ouvintes ligando:
- Alô
- Quem? (o cara era ultra sucinto)
- Quero ver se você adivinha!
(aparentemente era um mala que ligava todo dia)

Outro:
- Que música a senhora quer?
- Aquela que o Leonardo canta com o Zeca Pagodinho, qual é o nome?
- Eu sei qual é, mas não lembro o nome também. Mas nós vamos tocar.
- Hein?

A ouvinte era meio surda, coisa engraçada. Não peguei o diálogo inteiro, acabou o sinal.

Ficamos umas 8 horas em Assis, para entrevistar a Dona Lia, senhora finalista do prêmio Mulheres Empreendedoras do Sebrae. Estou ajudando a escrever um livro sobre os tais "cases" de sucesso. A dona de 79 anos, que preside uma associação de plantadores de cana láááááá era um exemplo. Foi a maior entrevista que fiz na vida. Comecei a falar com ela às 9h30, acabei 17h30. Passamos por fazendas, cidades, usina, almoçamos feijoada, comemos o tal "sorvete Paladar" (o mais próximo que existe da gostosua do Haagen-Dazs. Sério). No final, ela se despediu com um longo abraço, quase chorando, dizendo que iria me adotar. Foi uma coisa sensacional. Histórias fantásticas, qualquer dia conto por aqui.