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Blog de um jornalista viciado em música e com paixões variáveis. Pinceladas de cinema, futebol e São Paulo podem aparecer sem aviso.

sábado, agosto 05, 2006

Das vacas e outros demônios


Nessa minha última viagem, passamos por várias fazendas de criação de gado. Cena clássica de viagens de carro pelo interior: ao lado da pista, aqueles morros cheios de manchas brancas estáticas, contraste com a grama verde.

Manchas brancas estáticas, that's the key. Você já viu uma vaca se mexer, além das vezes em que alguém mexe com ela? Eu nunca vi. Nos pastos, elas ficam lá, paradíssimas, comendo. Se acaba a grama que elas tão comendo, dificilmente se movimentam para conseguir mais. Esperam até o dia seguinte, onde vão para outra área de pastagem, comer de novo. E não param de mastigar. O manual do Escoteiro Mirim me disse uma vez que ela come, a comida vai pro estômago e volta. Écoti.

Onde eu quero chegar com isso? É que, por ser filho de uma vegetariana, sempre tive uma culpa inconsciente por comer carne. Mas, depois de ontem (refletimos sobre esses assuntos na estrada, quando não há nada melhor pra fazer), comecei a ter menos pena das vacas. Cheguei à conclusão que elas não fazem muito durante a vida. Um dia na vida de um peixe, que a gente come com muito menos culpa, tem muito mais emoção que a de uma vaca, ainda que digam que estas são mais inteligentes.

Elas acham que são. Quando ela te olha (raro) sem muita expressão, só mastigando, tem um olhar de pura arrogância (algo como "Ah, se eu tivesse na Índia...") ou simples indiferença, baseada na baixa expectativa de futuro. Não sei. Fato é que elas não são muito ativas. Aos bois sobra toda a fama (o preço é maior nos leilões, são estrelas de rodeios, etc). Às vacas, falta PROATIVIDADE, coisa em voga no mercado ultimamente. Por isso elas morrem.

Minha opinião.