Take me Somewhere nice

Blog de um jornalista viciado em música e com paixões variáveis. Pinceladas de cinema, futebol e São Paulo podem aparecer sem aviso.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Hoje é sábado, duvida?

- Nossa, como demorou pra passar essa semana, não é? Acho que foi por causa do feriado!
- Você achou? Pra mim foi até rápido demais.
- Eu acordei hoje e dei graças a Deus que já era sexta-feira
- Semana passada eu achei que passou mais devagar.


OU


- Nossa, hoje é quarta-feira. Amanhã é quinta, depois sexta e "póf", a semana acabou!
- Huhum


O primeiro diálogo, juro, ouvi hoje, tomando café numa lanchonete. O outro foi o que tive (a minha parte é "huhum") com uma tia minha, quebrando o gelo quando andávamos no carro dela, mudos. Essas conversas nos levam, em nubladas manhãs de sextas-feiras, a pensar, por falta de coisa melhor a fazer:

1)Será que brasileiro fala demais? Sente a necessidade de falar alguma coisa mesmo quando não há nada a dizer?

e a questão metafísica do dia. Brought to you by CASIO:

2)Será que efetivamente o conceito de tempo é particular a cada um, e a semana pode passar mais depressa para determinadas pessoas?


Deixemos a primeira questão pra outro dia. Mas em relação à segunda, talvez tenha parado pra pensar ao ler aquele livro Ébano, que comentei aqui no último post, sobre a África, do genial Ryszard Kapuscinski. Escreve ele:

"O europeu e o africano têm uma noção totalmente distinta de tempo; (...) o europeu deve cumprir prazos, datas, dias e horas. O tempo o oprime com seu rigor, demandas e normas. (....) Para os habitantes da África, o tempo é algo mais solto, aberto, elástico, subjetivo. O tempo chega a ser algo que o homem pode criar, pois a existência dele se revela por acontecimentos, e o fato de algo acontecer ou não depende do homem."

"Tomemos um exemplo prático: se formos a um vilarejo onde deverá ser realizada uma reunião à tarde e, ao chegarmos, constatarmos que não há vivalma, não terá sentido a pergunta: 'quando vai começar a reunião?'. A resposta, já sabida de antemão: 'quando as pessoas se reunirem'."

"O homem da África acredita que uma misteriosa energia flui pelo mundo e que ela, ao se aproximar de nós e nos preencher, nos dá a força necessária para pôr o tempo em movimento – algo começará a acontecer. Enquanto isso não ocorrer, é necessário esperar; qualquer outro comportamento é uma ilusão e leva a nada".

Visto que são os mais próximos da nossa herança africana, qualquer semelhança com os baianos NÃO É mera coincidência, como admitiu, SEM-VERGONHA (e não devia ter, pelo contrário) o meu bróder baiano, Duda.

Como eu sou meio analfa, nas raras vezes que pego um livro fico obcecado pelo assunto. Então, para continuar citando o Ébano, amanhã faço um paralelo entre anões, elefantes, enterros e a África. Não mude de canal, eu sei que você vê National Geographic Channel escondido dos seus amigos.