Take me Somewhere nice

Blog de um jornalista viciado em música e com paixões variáveis. Pinceladas de cinema, futebol e São Paulo podem aparecer sem aviso.

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Super!

Ok, em primeiro lugar, eu não sou isento, de forma alguma, pra dar essa opinião. Mas a Superinteressante está cada vez melhor. O editorial da edição anterior, contra o “jornalismo bunda-mole”, já tinha dado o recado: há muito lixo nas bancas e redações, pessoas que fazem jornalismo apenas pra preencher espaço.

Hoje sobram informações por aí, e a Super serve menos pra falar de novidades (só se for antecipação de novidades), mais pra dar ferramentas pras pessoas pensarem o mundo com bons filtros, refletirem sobre a realidade, discutirem assuntos que nem seria pauta de bar e de repente se tornam excelente comida pro cérebro. Na edição que está nas bancas (depois da capa do Lost), tem um negocinho legal que eu compilei do Edge.org, “5 Razões pra ficar Otimista”. Antes de entrar na revista já tinha abastecido ótimas discussões com meu pai, minha mãe, colegas de trabalho, amigos no bar...

Ler a Super é cada vez mais legal, e escrever pra ela sempre foi um prazer. Também tenho orgulho das pessoas que escrevem pra lá, que não são exatamente amigos de trabalho, já que sou freela apenas, mas dos melhores coleguinhas, jornalisticamente falando mesmo. Hoje teve um artigo na Folha do Leandro Narloch, um dos editores, intitulado “A Beija-flor mente sobre a África”. Acompanhe:

“Será que entendi direito? Estariam os autores do samba chamando a África de ‘mãe da liberdade’? Será que eles não sabem que o tráfico de escravos começou muito antes de os europeus chegarem lá, que a escravidão foi extremamente lucrativa para reis africanos e que foram eles os que mais debateram contra a abolição?

(...)

“É bom saber que a Beija-Flor não caiu na vitimologia barata, comum em letras de rap, e preferiu enaltecer a riqueza da África. Só faltou dizer a origem dessa riqueza: a escravidão. Por que nenhuma delas homenageia a luz que veio da Inglaterra, sem a qual até hoje os africanos achariam OK comprar gente? Em vez disso, a Beija-Flor preferiu louvar reis que traficavam escravos.”

Temos de ter uma visão menos Sauron-Gandalf do mundo, maniqueísta. O negócio é mais complicado que parece. Mas se você se der o trabalho de ir atrás, é bem mais interessante.

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