Take me Somewhere nice

Blog de um jornalista viciado em música e com paixões variáveis. Pinceladas de cinema, futebol e São Paulo podem aparecer sem aviso.

domingo, março 18, 2007

Apocalypto Now

Ontem assisti Apocalypto, mais recente exercício de sadomasoquismo gráfico do Mel Gibson. E hoje, sedento como vampiro, coloquei o Diamante de Sangue no DVD.
Apocalypto é até um bom filme de ação, cheio de clichês, é verdade. É uma perseguição incessante, com alguns momentos legais, Duro de Matar-style. Mas as soluções para as mortes dos vilões são meio “Premonição”, e acaba ficando engraçado, em determinada hora. Achei até que apareceria uma Arara assassina no final, já que estavam se esgotando as opções de fauna do mal. Como colocou a crítica americana Claudia Pug, que eu vi lá no Metacritic:

“The movie is so impressionistic, it obfuscates any sense of history. We expect at least a hint at the causes of the Mayan Empire's demise, but instead we get Mesoamerican Rambo.”

Diamante de Sangue já é bem mais interessante, ainda que não seja nada cinco estrelas. O melhor do filme é, de longe, a dupla principal, Leo Di Caprio e o africano Djimon Hounsou. Este, aliás, mais que Alan Arkin mereceria o Oscar de coadjuvante (que nem foi indicado, por sinal). É também um filme de ação, mas tem um romance ali melhor colocado, um final que, de positivo é não tão óbvio, mas traz o problemático “O homem branco se redime dos pecados contra os negros”. Há algumas boas cenas e os diálogos são mais interessantes que os simples “os brancos nos exploram até hoje”. É claro que há a “mensagem”, uma forçação para que ela seja compreendida, mas é bem menos superficial que eu imaginava.

E era nesse ponto que queria chegar. Nos dois filmes, há uma maior maturidade em relação à história, que larga, aos poucos, o maniqueísmo, ainda que isso faça um filme enfrentar o politicamente correto. Apocalypto é desses que bate no mito do “bom selvagem”. Espanhóis mataram os índios americanos, sim, mas antes os nativos mais poderosos já haviam exterminado e escravizado populações inteiras. Sempre foi assim na história, o mais forte domina, é difícil falar de “vítimas”. É claro que há passagens “más”, sem nenhum motivo mais aparente, como os alemães na segunda guerra ou os Hutus na África, mais recentemente. No caso Apocalypto, não digo que os espanhóis estivessem “no direito”, algo assim. Mas esse forçado sentimento de culpa que alguns movimentos proto-sociais tentam colocar nos colonizadores eu começo a achar meio forçado. History repeats. Os mais fortes tecnologicamente sempre prevalecem, e antigamente o método de fazer valer a dominação era na porrada. Sad but true, get over it.

Aliás, Diamante de Sangue pega o recorte da exploração dos recursos naturais (marfim, ouro, diamante, petróleo) para explicar a miséria. Jardineiro Fiel fala da indústria farmacêutica, Hotel Ruanda dos conflitos étnicos... O pior é que há milhões de ângulos para explicar a miséria na África e é muito difícil ver saída, mesmo a longo prazo. Acabar com o Aquecimento Global é “peanuts” para a raça humana. Quero ver dar um jeito naquele continente todo. Eu não consigo fazer muito, a não ser chorar com os filmes. Pathetic, I have to admit.

2 Comments:

Blogger Unknown said...

as pessoas as vezes não entendem porque eu vivo no passado. Pode ser uma forma de negar o presente, de fingir que nada está acontecendo. Ou é simplesmente a forma mais "respirável" que encontrei to live day by day. A verdade é que não vejo nada de novo realmente com potencial, ou que me encante e me leve para outro universo. Não sei, acho o universo do cinema ultimamente muito sem sal, perdido, the same old thing over and over again. Ou eu acredito demais em algo que não há mais a possibilidade de ocorrer. Ou talvez existe essa possibilidade, e eu simplesmente nego e desacredito profundamente.

12:02 AM  
Anonymous Anônimo said...

Baby, falando em ação, você viu o trailer de Duro de Matar IV? O Felipe ficou bravo. Tem cereteza de que as melhores cenas estão lá. Eu não ligo. São mais alguns minutos de John McLane (hor do I spell that?) Mas não leve essa menina aí de cima não, ela se mata quando sair do cinema. Que deprê, hein?

5:51 PM  

Postar um comentário

<< Home