Take me Somewhere nice

Blog de um jornalista viciado em música e com paixões variáveis. Pinceladas de cinema, futebol e São Paulo podem aparecer sem aviso.

quinta-feira, setembro 28, 2006

Uma pena

"Existem várias formas de corrupção, temos de acabar todas elas. A dos políticos e das políticas. Construir um prédio público luxuoso quando a população passa fome é uma forma de corrupção." Vocês viram o debate? A frase aí foi proferida pelo Cristovam, e resume também minha visão sobre o tema corrupção, tratado de maneira infantil e maniqueísta pela HH e o GA.

*sigh*

A 3 dias da eleição, queria dizer 2 coisas sérias sobre educação:

1: “Sério que você vai votar no Cristovam? Ele é muito chato com aquele papo de educação!” Aparentemente esse é um comentário comum feito às pessoas que declaram o voto no homem. Eu só não irei votar nele porque basicamente não tenho dinheiro pra ir a Brasília no domingo, e seria o único voto (dos 5) que eu daria com fé absoluta. Não vai rolar, sadly. Mas MUITA gente de bem que eu conheço vai votar nele, o que é bom. É claro que não acredito que o Cristovam possa ir para o segundo turno, ou que vá ser uma surpresa, mas se o único candidato que coloca a educação como bandeira maior não conseguir mais votos que o Enéas já conseguiu, é hora de começar a chorar, de verdade. MESMO.
Sério, bem sério agora. É bizarro, patético, lamentável, ridículo ou simplesmente triste, triste, triste um cara como o Cristovam ter menos que 2% dos votos. E não culpem os pobres ignorantes por favor. Vi uma pesquisa daquela revista "Imprensa" e nas redações dos grandes veículos, onde o Alckmin ganha com folga, o Cristovam mal chega a 3%. Why, God, why?

2. Mas enfim, falando em Educação, uma ótima idéia foi deixada totalmente de lado por causa do noticiário eleitoral. O MEC deve implementar (ok, ainda não saiu do papel, mas tem tudo para) um projeto que dá bolsa integral para estudantes de medicina (Via Fies, não confundir com o Próuni) que se comprometeriam a, depois de formados, prestarem atendimento ao SUS em regiões carentes como pagamento. O tempo do serviço dependeria do valor financiado, tipo de curso, etc. Essa é a rara win/win situation, que custa relativamente pouco ao Estado e forma mais profissionais qualificados, atendendo regiões que precisam. Eu simpatizo com o ministro Fernando Haddad, não sei por quê...

sexta-feira, setembro 22, 2006

Drugs are bad with OVOMALTINO. Mmmkay?

Eu ouvi o disco novo do Justin Timberlake (já enjoei, mind you), mas na real gosto mesmo de coisas pouco comuns. Não sou aquele alternativozinho chato (sou chato por outros motivos) que começa a não gostar de uma banda se ela aparece nas 7 melhores da Jovem Pan ou nos jornais. Mas enfim, arte esquisita, fora aquelas que você quebra a cabeça pra entender “o conceito”, são sempre mais divertidas. Separei pra audiência ultra-qualificada desse blog três coisas que eu estive (re)descobrindo por esses dias que são realmente incomuns, por diferentes razões. Certamente os artistas em questão aqui estavam sob o efeito de drogas. Ponto pra elas. Acompanhe:

- Salad Fingers, cartum animado mais PERTURBADO de todos os tempos (e bizarramente simpático). É um cara (ET?) que vive sozinho e tem uns fetiches esquisitíssimos. Pela voz única e a trilha sonora do Boards of Canada, som é parte importante do processo. Se gostar, acompanha lá na página que tem mais un 7 episódios.



- O AWAY, maluco (patologicamente, ao que parece) que dá as caras no Hermes e Renato de quando em vez. “Você, garotinho juvenil, que foi criado com OVOMALTINO na geladeira”... Esse é sensacional.


- Os cartuns do Max Cannon, principalmente a série Red Meat. Mostra que qualquer um pode desenhar, basta saber escrever.



quarta-feira, setembro 20, 2006

Esqueça a corrupção

Tenho andado sem tempo de atualizar isso aqui. E olha que não faltam notícias importantes para comentar: o vídeo da Cicarelli, a doença-do-espinafre nos EUA, o lançamento de um CD ao vivo do MAMONAS com uma inédita ("Não peide aqui, Baby") e coisas menos importantes como o dossiê Serra-sanguessugas.

Eu, como uma geração, tive um medo terrível de sanguessugas por anos por causa do filme "Conta Comigo". De qualquer forma, o papo é sério aqui, para variar um pouco. Por mais paradoxal que seja, concordo com o Gilberto Dimenstein quando ele diz que os políticos têm de parar de se preocupar com a corrupção no Brasil. Acompanhe o raciocínio dele:

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Mais do que o dinheiro que a corrupção custa ao Brasil, a bandalheira tem uma conseqüência terrível: o tempo usado pelos políticos para investigar desvios de recursos ou mesmo para buscar apenas os holofotes. Imagine essa mesma intensidade investigatória drenada para debater com mais profundidade os problemas nacionais, averiguar eventuais saídas e apressar votações.

Sabe-se que está, em parte, nas mãos do Congresso empreender reformas, capazes de acelerar o crescimento econômico, racionalizar os gastos públicos, combater desperdícios. São questões urgentes e gravíssimas. Não deveriam ter tempo a perder.

A corrupção custa dinheiro, desmoralização da política, desmotivação da máquina pública, estímulo à delinqüência. Mas também custa muito tempo que poderia estar sendo empregado em tarefas urgentes nas áreas da educação, segurança, infra-estrutura e assim por diante: isso é o pior dos sanguessugas.

sexta-feira, setembro 15, 2006

A arte do releasy

Quando estava no JB colecionava releases, digamos, demasiado criativos. Passava pra algumas pessoas um semanário chamado "a arte do releasy". Achei esse aqui, de 2004, espirituosíssimo.

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Reis, rainhas e cavalos passam o dia em escola
Regional do Plano Piloto/Cruzeiro promove campeonato de xadrez

O jogo de xadrez virou mania nas escolas do Distrito Federal. Quando o
assunto é peão, torre, bispo, rei e rainha, os estudantes afirmam:
"cheque-mate". No Plano Piloto e no Cruzeiro a ansiedade toma conta
dos alunos que vão competir, no dia 2 de outubro, sábado, no Torneio
de Xadrez da DRE – Diretoria Regional de Ensino.
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Aparentemente aconteceu uma lavagem cerebral para que as crianças falassem "cheque mate" quando conversassem sobre diversos assuntos.

- Você já foi à TORRE de TV?
- Cheque mate

- Vai passar RAINHA da Sucata no Vale a Pena...
- ... Cheque mate

- O sermão do BISPO foi muito bonito...
- Cheque mate.

Lembro que discutimos por e-mail se "cheque mate" não era um novo programa eleitoreiro-social do governo Roriz, que você trocava no Rei do Mate ou algo assim. O PEOR é que isso foi preparado pela Secretaria de Educação, você imagina o resto. A molecada, que não escrevia releases, ficava bamboocha.

quarta-feira, setembro 13, 2006

My name is Lucas

Pra mim, Lucas é nome de criança. Você já viu alguém com 45 anos chamado Lucas? Conheço alguns “filhos” chamados Lucas, apenas um amigo meu que tem esse nome é adulto (ainda assim, com ressalvas, né Juquinha-tentando-abandonar-a-bochecha-rosa?). Curiosamente, o menino do Instituto Menino Deus que eu ajudo (?) mensalmente chama Lucas. Pelo menos é o que a atendente me fala por telefone. Desconfio que ela, também sabendo que Lucas é designação de criança, use esse nome genérico para que eu acredite estar fazendo bem à molecada.

Pois é, todo mês dou R$ 5 para essa instituição, que ajuda crianças com HIV. Em parte porque sou um bom samaritano (também ajudo a Casa de Apoio Estrela de Davi, pra ser plural religiosamente) mas também para não ser out – todos meus coleguinhas aqui o fazem. Gosto do Instituto Menino Deus porque eles não simplesmente pedem, mas contam historinhas. Na segunda-feira:

- ... Então, seu Pedro, estamos comprando brinquedo para o Dia das Crianças, e está faltando dinheiro para fechar o kit do Lucas. Podemos contar com a sua colaboração?
- Como assim só o MEU Lucas ta sem brinquedo? Todo mundo vai ficar brincando e o Luquinhas chorando? EU NÃO VOU PERMITIR! Passa aqui e pega a grana. (na verdade eu só falei “huhum”, tava ocupado, mas quis dizer tudo isso)
- O mesmo valor das outras vezes?
- Sim.
- Ok, um funcionário nosso vai estar passando na quarta-feira aí. DEUS VAI ESTAR TE ABENÇOANDO.

Foi a segunda vez que ouvi isso. Por enquanto achei o gerúndio mais original e, de certa forma, correto. Aparentemente é uma ação contínua, vou ser abençoado por Deus NON-STOP, graças à grana que dei pro Luquinhas. Morram de inveja, pecadores. Ou paguem um lanche pro Lucas no Giraffa’s e obtenham o ETERNAL BLESSING +3, como eu.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Me soooooo horny!

Comprei no sábado, por R$ 135, um MP3 Player-gravador-pen drive-rádio de 1gb no Standcenter, foco endêmico de coreanos na Paulista. Ta escrito “Sony” no negócio, mas poderia estar escrito ÇÔNI que seria mais honesto. Colocando fones de ouvido decentes até que ele funciona direitinho. Mas o melhor dele é o manual em “inglês”. Que traz:

“Not make strange material into the interior of the production.”

“Not use earphone with high volume. Doctor point out, tinnitus could be caused by using earphone with high volume. Please adjust volume lower or stop use it.”

“There are seven different sound effect could be chose in the menu.”

Não sei por quê, mas sempre achei engraçado o inglês mal falado ou escrito. Tipo as prostitutas asiáticas e os clássicos “me sooooo horny”. Aliás, tem um filme bem bacana chamado “Uma Vida Iluminada”, lançado este ano em DVD com o Elijah Frodo Wood. Nele, há um personagem ucraniano engraçadíssimo que fala o inglês de dicionário antigo. Para pedir dinheiro ele pede “Do you have some currency?”, usa “purchase” em vez de “buy”... Obviamente não é engraçado contando por aqui, mas vale a dica de filme.

domingo, setembro 10, 2006

Em busca do último pote de Sagú

Fui a um restaurante natureba com a minha mãe hoje aqui em São Paulo. E, como todo restaurante vegatariano, estava lá entre as sobremesas gratuitas um daqueles potinhos de SAGU. Fiquei intrigado. Rrrrring...
- Malu, tinha sagu no restaurante.
- Sagu?
- Quem diabos ainda come sagu?
- Quem VENDE sagu? Não pararam de vender em 87?

Sagu é uma parada tão 80s quanto blush, brinco de argola e Chaves. Talvez por isso mesmo a dona do restaurante onde comemos (na Bela Cintra, excelente por sinal) era hispana, usava brinco de argola e blush.

Minha teoria é que pararam de vender sagu em 1988, depois que um congelamento de preços do Sarney fez com que sagu ficasse mais barato que, sei lá, milho pra pipoca. Pessoas fizeram filas no Superbox de Taguatinga para comprar todas as unidades possíveis, saturando as crianças da gelatina roxa. Uma geração inteira ficou de saco cheio de sagu. Os que não comeram tanto, principalmente por serem mais velhos, estocaram o suficiente para vender nos restaurantes vegetarianos que venderiam anos mais tarde (essa conexão ainda não consegui entender, working on it).

O PEOR é que é uma sobremesa sem personalidade. O sagu YOKI vendido nos supermercados é sem cor, sem gosto, pior que gelatina. Você precisa colocar um suco de uva e MUITO açúcar pra dar a aparência dele.

Eu ODEIO sagu. Há quanto tempo você comeu um pela última vez?

quarta-feira, setembro 06, 2006

Eu vomito em cima

“Disseram que eu dormia com o cara [Luiz Estevão] (...) Não durmo com homem rico e ordinário. Eu vomito em cima!”

Parece perseguição minha. Mas ela ta merecendo. Imagina HH presidente.

- Alca? Não gosto. Vomito em cima.
- Bill Clinton? Não converso com homem rico e ordinário.

Ia ser divertido. Mas o mais bacana foi a coluna da Mônica Bergamo hoje, na Folha. Ela teve duas idéias simples, mas fantásticas: entrevistar socialites na pré-estréia de O Diabo veste Prada sobre “Homens ricos e ordinários” e, mais genial, ouvir o Luiz Estevão sobre o caso. A coluna abriu com uma fotona, do ano 2000, de HH e LE conversando animadamente. Os highlights da entrevista:

Folha: A senadora alguma vez “vomitou” no senhor, ou em outra pessoa?
LE: Você quer uma respostinha bem curtinha e legal? Se ela teve alguma ânsia de vômito comigo, ela engoliu. (...) Ela é uma pessoa alegre, divertida. Não tenho queixa. Pelo contrário. Me comovi muito com o fato de ela ter chorado bastante no meu discurso de despedida no Senado.

E as socialites? “A mulher tem que dormir com o homem de que gosta, independente de ele ser ricou ou pobre, diz a designer de jóias Cecília Neves, que afirma já ter namorado, sim, com homens pobres. “Não pobre de marre de si. Mas já namorei um que dependia de salário para viver, era tudo contado.”

Mais: “Achei... chocante. Ou melhor: escreva que eu achei ‘impactante’”, diz Dulvita Arantes Leão Costa, vice-presidente do Museu Brasileiro de Escultura e “admiradora” de Helena.

Não é perseguição, juro. Faço campanha contra todos os candidatos. E nem vou falar do manifesto assinado pelo Chomsky e mais uns 200 """""""""intelectuais""""""""""" do mundo apoiando a candidatura da Heloísa Helena. Fico com a definição de “intelectual” usada uma vez, ironicamente, pelo próprio Chomsky: “Intelectuais são pessoas que entendem muito sobre um assunto e opinam sobre todos os outros”.

terça-feira, setembro 05, 2006

Quero ser mesário

Ainda sobre eleições. Ia ser curioso se no Brasil o voto não fosse obrigatório. Como ainda o é, as pessoas PRECISAM votar em alguém, acabam escolhendo qualquer porcaria. Não dá pra fazer muito diferente no Brasil, sadly. É como se você resolvesse um dia ser saudável e comprar Ades e Granola para o lanche da noite. Só que você mora estupidamente longe do Pão de Açúcar ou do Extra, e tem que comprar naquele mercadinho da esquina. Sem encontrar nada decente na prateleira, acaba levando uma coca-cola, mesmo sabendo que já tem outras na sua geladeira. Chega em casa e, mesmo sabendo que faz mal, acaba tomando mesmo assim. Ainda come um Baconzitos pra rebater. Com ketchup.

Ok, a metáfora foi muito calórica. Mas é que hoje, há coisa de uma hora, fiquei discutindo com a Malu sobre Heloísa Helena. De novo. Chego lá no próximo post. Mas eu fiquei com uma vontade louca de ser mesário nas próximas eleições.

Isso. Quero ser mesário nas próximas eleições. Pra conversar com os eleitores antes e depois do coito (é, porque votar é quase foder o Brasil, 90% dos casos).

(barulho do voto confirmado)
- Hummm... Votou no Quércia! A máquina faz esse barulho quando alguém vota no Quércia.

- Olá, senhorita. Primeira vez? Vote 84, Machado de Assis. É o candidato que você conhece melhor, e pelo menos sabe escrever.

- Ih, amigo. Com esse título você só vota para deputados. Mas me dá mais 2 Reais que você ainda pode levar o combo senador+governador+presidente.

- Sim, senhora. Número 898. Não, eu tenho certeza. Rachel de Queiroz. Isso mesmo. Vai tentando até conseguir.

- Por que o senhor demorou tanto? Ah, eu sei. Não funciona. Eu já tentei. Se você apertar “13” depois “corrige” a máquina não vai entender a ironia. Nem o governo.

- Você viu? O cara falou “de nada” pra urna eletrônica. Gente idiota.

- Deixa eu ver esse santinho. Não, esse número ta errado. Tenta esse.

- Iiihh... Votou no candidato do PMN? Vamos fazer uma aposta. Cinqüenta reais que eu tenho mais carinhas felizes no Orkut que esse cara vai ter de votos.

- Bom dia, senhor. Bonita arma. E agora, sem o Maluf, em quem você vai votar?

- Olha lá, olha lá. Ele guarda o comprovante NO BOLSO. Éca.

Obviamente eu seria mesário com uma das camisas: “Lula, me add” (Orkut version) ou “I’d rather be playing Die Macher” (Piada BASTANTE interna). Em 20 minutos eu seria preso OU ganharia uma cadeira PERMANENTE na Escolinha do Professor Raimundo. O Galeão Cumbica morreu, lembra?

sexta-feira, setembro 01, 2006

Anula lá

Otávio Frias Filho, diretor editorial da Folha, chega na redação depois do jantar, na quarta-feira. De saco cheio com a propaganda eleitoral, começa a escrever alucinadamente, raivoso. Achou que estava destilando o veneno no seu blog (lugar de fazê-lo, nénão?), mas quando se deu conta, estava impresso no seu jornal, no dia seguinte, um editorial, que começava assim:

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Ficou celebrizada a reação do então ministro da Fazenda Mário Henrique Simonsen ao ser indagado sobre o 2º Plano Nacional de Desenvolvimento, que acabara de ser lançado pelo governo de Ernesto Geisel: “Não leio ficção”. Qualificar de ficção o autodenominado programa de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, divulgado na terça-feira, seria elogioso. As 30 páginas poderiam ser resumidas a uma só, em branco, tamanho o grau de generalidade que expressam.
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O editorial segue nessa linha. Acho que nem o Alckmin conseguiria ser tão incisivo. Fosse essa uma eleição mais madura, os outros candidatos deveriam "repercutir" o editorial da Folha e declarar: “iiiiu!” (Aclkmin) “viiiiiixe!” (HH) e “moraaaaal!” (Cristovam). Bivar se recusaria a comentar.

Mas sério, a Folha bate em todos os candidatos todos os dias, o que é bom - o dever da imprensa afinal. Antigamente era mais simples. Ou você acreditava na imprensa e votava no candidato que ela poupava mais ou menos (Collor, FHC...) ou fazia justamente o contrário: dizia que a imprensa era do mal e votava no "perseguido". Agora perdeu a graça. Ninguém é poupado, todos são perseguidos, não há um coitado para se votar. Uma pena?

I pass.